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Autobiografia

A. L. Machado Neto

“Minha primeira graduação foi em Direito. Embora saísse do curso com o diploma de Honra ao mérito da turma, já então sabia que a profissão de técnico do direito não seria a minha vocação mais autêntica. Por isso mesmo, no ano anterior à conclusão do curso, comecei a ensinar Filosofia no Colégio Estadual, até mesmo motivado pela necessidade de sobrevivência, uma vez que aquele ano contraí matrimônio com uma colega mais jovem da mesma Faculdade de Direito.

No próprio ano da formatura em Direito (1953) fiz o concurso para Professor Assistente de Filosofia do Colégio Estadual da Bahia, tendo, no ano anterior, feito o necessário exame de suficiência na faculdade de Filosofia.

No ano seguinte – 1954 – fui beneficiado com uma bolsa de estudos de Filosofia no Rio de Janeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde assisti aos cursos de Professores como Vieira Pinto e Pe. Penido. Essa bolsa deveria completar-se com outra, provavelmente na Itália, e em Filosofia do Direito.”

1959/1968

Vagou-se, em 1959, a cátedra de Sociologia d Instituto de Educação. Inscrevi-me para o concurso com uma tese de Epistemologia Sociológica e logrei substituir, no ensino médio, a condição de Assistente pela de Catedrática.

Logo em 1962, haveria de inscrever-me para a Livre Docência de Sociologia na Faculdade de Filosofia, concurso que somente veio realizar-se em 1968.

Em conseqüência do concurso para a cátedra de Sociologia do Instituto de Educação, fui chamado a dar uma atividade parcial no setor Social da Comissão de Planejamento Econômico do Estado, onde tive oportunidade de contrabalançar meu teorismo com a praxis mais empírica do planejamento e da programação.

Por esse tempo, a Livraria Progresso Editora continuava a publicar minhas teses e outros pequenos livros.

Em 1960, sai pela Saraiva, de S. Paulo, – e sob os auspícios de venerável Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – o primeiro volume do meu texto didático sobre Introdução à Ciência do Direito, resultado teórico, tal como o segundo volume, publicado ali mesmo em 1963, de meu tirocínio docente na Faculdade de Direito.

Retomando minha carreira intelectual em Salvador, a partir de 1966, após a Docência Livre de Sociologia em 1968 fiz os concursos de final de carreira para Professor Titular, tanto em Teoria Geral do Direito como em Sociologia . Esta, em 1971 com uma tese sobre Sociologia da Vida Intelectual Brasileira entre 1870 e 1930 e publicada em 1973 pela Universidade de São Paulo, aquele, em 1974, com uma tese sobre Fundamentação Egológica da Teoria Geral do Direito, naquele mesmo ano publicada em tradução ao espanhol, em Buenos Aires, pela Editora da Universidade de Buenos Aires (EUDEBA).

Hoje, professor das pós graduações de Direito e de Sociologia o coordenador desta última, meu interesse intelectual dominante é uma fusão dos dois principais interesses até aqui dominantes. Trata-se do ambicioso projeto de elaborar uma Eidética Sociológica de fundamento fenomenológico-existencial, raciovitalista e egológico. Em rigor, esse fundamento poderia ser dito apenas egológico, já que essa filosofia é de fundamentação fenomenológico-existencial, incorporando também o que de melhor existe no raciovitalismo ortegueano.

Nesse projeto, reúno minha pretérita experiência em sociologia do conhecimento e epistemologia sociológica à também já antiga experiência em teoria geral e filosofia do Direito, donde procede a Teoria Egológica, que, apesar de ter nascido na esfera jurídica tem, entretanto, uma considerável abertura temática em termos a constituir-se em uma teoria geral da sociedade e da cultura.