DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL X UTILIZAÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS X DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: UMA PRIMEIRA ABORDAGEM. pt 2

Em sequência ao tema sobredito, cabe agora aprofundarmos sobre os vários tipos de energia renováveis, ainda que algumas delas se encontrem em fase incipiente umas, outras de desenvolvimento técnico-científico, tudo no sentido inexorável da mudança do paradigma vigente desde a descoberta do “ouro negro”, perpassando pela crise energética do início dos anos setenta, até o final do século passado com sua “revolução verde”.

Vários eventos internacionais significativos marcaram aquela revolução copernicana (revolução que alterou paradigmas), tais como a Declaração de Estocolmo (1972), somente assinada dez anos depois na Declaração do Rio (1992). Entretanto, dentre eles, o marco regulatório do Protocolo de Quioto (1997) teve fulcral relevância para fixação do conceito de “energias renováveis” enquanto forma de produção de energia elétrica, em diametral oposição às de origem fósseis.

Ali iniciavam-se questionamentos negativamente marcantes dos combustíveis fósseis como a finitude, a escassez do abastecimento energético, a sua precificação instável e, mais que tudo, a brutal capacidade poluente ao meio ambiente face o efeito estufa, emergindo a urgência de mudança do protagonismo vivido para uma política energética sustentável – as energias renováveis como política energética ambientalmente responsável.

Por outro lado, o mérito de tal política haveria de pressupor uma segurança no abastecimento, compromisso ambiental responsável, e que essas matrizes viessem trazer ao mercado um novo tipo de investidor, muito além daqueles restritos empreendimentos milionários e tradicionais.

Como mencionado na Primeira Parte, as energias renováveis, em oposição às fósseis, seriam:  eólica, solar (térmica e fotovoltaica), aerotérmica, geotérmica, hidroelétrica, oceânica (das marés e das ondas), hídrica, biomassa, gás de aterro, gás proveniente de estações de tratamento de águas residuais e biogás.

Algumas importantes agências internacionais criadas nos anos setenta, preponderantemente em razão das energias fósseis tratando, hoje, das fontes de energias renováveis, escalonaram essas em três estágios, a saber: 1 – Hidroelétrica, biomassa e geotérmica; 2 – Eólica, solar (fotovoltaica e a térmica) e o biodiesel; e 3 – Oceânica (marés e ondas), a concentração solar e os sistemas vinculados de bioenergia e energia geotérmica.

Há que esclarecer que outras energias, alternativas ao petróleo, a exemplo do carvão, energia resultante da combustão de gás natural e o metanol advindo do gás natural, não se qualificam como energias renováveis que pressupõem recursos naturais inesgotáveis e regeneráveis.

Iniciando com a energia eólica, recentemente muito visualizada e propalada, trata-se de uma força energética fundada na força dos ventos para produzir energia elétrica. A despeito de estarem na vanguarda da União Europeia (2016) países como a Alemanha (5443.3MW), França (1560.5MW) e a Holanda (887MW), o Brasil tem avançado significativamente nesse campo, não somente na terra como no mar (offshore), especialmente com o avanço tecnológico dos últimos anos.

Essa energia limpa tem crescido com o avanço de políticas públicas no setor, seja com subsídios tributários, com as taxas de carbono, sistemas de preço e mesmo com leilões de renováveis (sistema de quotas).

Os biocombustíveis, outra energia renovável, são extraídos da biomassa resultante de cultivos agrícolas, vegetais lenhosos, resíduos da pecuária, da indústria, a exemplo do bagaço da cana, casca de arroz, casca de coco verde, biomassa urbana, eucalipto, dentre outros, resultando em biodiesel, biogás, bioetanol, biometano, esses usados fortemente nos setor dos transportes de massa.

A energia geotérmica, igualmente renovável, que utiliza o calor da terra, tanto pode ser utilizada para a produção de energia elétrica – através da utilização do vapor d’água de origem geotérmica, ou para produção de calor – explorado diretamente ou mediante bombas de calor geotérmico.

A energia hídrica dispensa, aqui, maiores comentários já que é uma vocação brasileira secular, onde o Brasil tem tecnologia nacional de altíssimo nível, tipo de energia que apenas possui na sazonalidade do produto, ainda um grande desafio.

No espectro das energias renováveis oceânicas, três formas se apresentam: as que utilizam as ondas – se assemelha à eólica, já que são os ventos que formam as ondas; as das marés e correntes – energia que decorre da diferença de temperaturas; e as decorrentes da diferença de salinidade – energia gerada por meio da diferença da quantidade de sal entre a água marinha e a água doce de um grande rio no encontro com o mar (armazenada em baterias), por exemplo.

Por derradeiro, a energia solar, a mais difundida e em franco crescimento no Brasil, que se divide em duas vertentes: a fotovoltaica – que se utiliza dos raios solares para produzir energia elétrica, absorvida por uma placa fotovoltaica ligada às empresas distribuidoras de energia elétrica; e a térmica, onde se utiliza o próprio calor.

Na próxima abordagem trataremos de outros vários aspectos, sempre tendo como norte a tríade mencionada no título deste artigo, qual seja, desenvolvimento sustentável X utilização de energias renováveis X desenvolvimento econômico.